segunda-feira, 5 de julho de 2010

Décimo Sétimo Dia de Viagem

Saímos na segunda de manhã, após o café, da pousada Axé em direção ao Espírito Santo. Começavam as chuvas por lá. Seguimos para Alcobaça na esperança do tempo estar bom e conseguirmos um barco para ir até a Ilha de Abrolhos. Para a nossa tristeza, a previsão de tempo não era boa para os próximos dias - previsão esta checada no site do Inpe.
Resolvemos seguir em direção a Itaúnas, super preocupados com o horário do jogo do Brasil. Entramos numa estrada de chão que não acabava nunca com eucalíptos para todos os lados. Chegou um momento que tinham três caminhos e nenhuma indicação. Seguimos por um, no instinto. Havia umas setas vermelhas nos eucaliptos indicando um caminho, porém sem nenhuma legenda. Depois de um tempo, perdidos e rodando por caminhos de eucaliptos nos deparamos com a seguinte placa: "Ai, playboy, tá perdido? Vai no Celsão!" e isso se repetia mandando a pessoa, no caso nós, ir até o tal do Celsão. Havia também várias "você está sendo filmado" com olhos pintados, no meio do nada. E provocações do tipo "aqui todo mundo se perde", "ES um lugar maluco", "lugar no meio do nada". Famintos e perdidos, chegamos no tal Celsão pela ajuda das placas. Junior ia colher informações para um boneco em tamanho natural de homem sentado num banco. Mais uma vez enganados pelo Celsão, a única coisa que poderíamos fazer é assistir ao jogo naquele local (com uma TV horrível que distorcia os jogadores, Ana até falou do Julio César "que isso?! um anão?!"). E, ainda, comer ali mesmo. Celsão não estava lá e o funcionário nos contou sua história: ele também se perdeu, e chegando naquele local, comprou o sítio e ali estabeleceu pousada-restaurante. Disse que tem gente que chega furiosa ali, também não é para menos! Almoçamos mal e com grande fartura (comida requentada) acompanhados de patos, gansos, galo, galinhas dangola, papagaio e dois cachorros bravos. No meio do jogo, o galo começou a carcarejar muito em cima da cerca, nisso vieram as galinhas dangola intimidá-lo, elas começaram a correr atrás dele e ele fugia apavorado. Situação inusitada! Na hora de pagar, fomos assaltados: 18 reais por pessoa por uma comida ruim e 3 reais cada latinha (seja de cerveja ou de refri). Saímos inconformados. Para confirmar nossa revolta, vimos outra placa do Celsão "pousada ruim é no Celsão" e a outra, seguinte:
Esta praia do Riacho Doce era perto do Celsão, e diz ser a segunda praia deserta mais bonita do país (por qual fonte confiável não sabemos). Dá para ir a pé até ela de Itaunas, porem são 10 km de ida e 10 de volta.
Continuamos a viagem, ouvindo o começo do segundo tempo no rádio. O narrador era muito divertido. Não vimos o gol do Robinho, ouvimos. Paramos na entrada de Itaúnas, onde tinha uma TV e se concentrava uma galera na frente, para ver o resto do jogo. Fomos atrás de pousada após o final. Aí vem o drama: não achávamos pousada barata. Itaúnas, por ter fama turística e ser a capital do forró, tem preços caros e tabelados (todas as pousadas boas eram 100 reais o casal). Junior estressado com a cidade tocou o carro para Conceição da Barra, a 30 km dali. Ficamos na pousada Solar das Flores. A dona é muito simpática e receptiva. Ficamos por 75 os três. Saímos para comer uma pizza. Primeiramente sentamos num lugar de lanches que era uma facada. Junior seu a migué e saímos. Fomos comer pizza no Kakito's, pizza horrorosa, parecia Sadia. Enfim, voltamos para casa um pouco desiludidos e dormimos (e aí vem a surpresa maior).
caminho: eucaliptos
única foto em Conceição da Barra HAHA

Décimo Sexto Dia de Viagem

Neste dia, morgamos o dia inteiro na praia, esquecemos da vida e aproveitamos o mar. Comemos muito bolinho de aipim (parecido com o batata frango do Marcelino). Junior queria abrir um concorrente do Marcelino com o aipim-camarão. Comeu muitos, muitos, muitos.
De noite, fomos para a casa de Nadir e Terry, junto de sua filha Nina, e Junior faz um strogonoff de camarão que estava uma delícia. Conversamos, trocamos experiências e seguimos para a Pousada dormir. 
praia na maré baixa: barcos na areia

Décimo Quinto Dia de Viagem

Acordamos cedo para conhecer as outras praias próximas da cidade. Seguimos uma estrada de terra beirando a praia, que logo adentrou pelo Parque Nacional do Descobrimento. Ficamos um pouco perdidos pela falta de sinalização. Perguntamos para um homem, ele nos informou que era para virar na placa que dizia Bar Restaurante Marina da Glória. Chegamos, então, à praia Barra do Sahy.
Barra do Sahy: o tal restaurante camping da Glória (que devia se chamar o camping do Proibido, porque tudo era proibido, churrasco, isopor, moto) estava fechado. Então, só tínhamos nós e a praia. Logo, tem um rio muito bonito que mais para frente desemboca no mar. Paramos ali, perto do rio. Água do mar muito azul e bem mais agitada e fria que a Praia da Paixão. Tem falésias em alguns pontos de sua extensão, em que na maré alta, não dá para passar ali a pé. As falésias são muito bonitas, com seus coqueiros no alto e uma terra rosada. Aproveitamos o dia na praia, nadando, lendo, tomando sol e andando. Fizemos nosso almoço: macarrão spaghetti com molho de tomate, atum e castanha de caju (improvisação total) no fogareiro. Para tomar, Mari pegou dois cocos típicos de um coqueiro mais baixo. Tomamos água de coco natural e fomos lavar a louça no rio com sabão de coco, tipo índios.
Voltamos na hora certa pois começou um chuvisco. Paramos no Régi para tomar cerveja e comer bolinho de aipim. Fomos para a pousada.
Mais de noite, tentamos achar algum restaurante aberto, mas não tinha nada às 22:00. Tomamos sopa Vono no quarto e dormimos.
praia
"vamos ficar por aqui"
mangue no rio
rio-mar
falésia ao longe
ana inshalá
"sirizinho bichinho típico da região" (Ana)
Junior cozinhando (não o siri)

Décimo Quarto Dia de Viagem

Cumuruxatiba: (cumuxa - maré baixa e tiba - maré alta, mar batendo nas falésias) cidade praiana no sul da Bahia, bem tranquila nesta época de junho. Tem cerca de 4 mil habitantes. Vive do turismo e da pesca. Cidade muito bonitinha, que beira a praia da Paixão. Lembra litoral norte de São Paulo, tipo Juquehy. 
Junior acordou 5 horas da manhã e saiu para caminhar até a praia do Arnaldo e viu o nascer do sol, muito bonito. Mari e Ana, mais preguiçosas, foram acordadas 8 da manhã para tomar café da manhã na pousada Axé. Café da manhã bem caprichado e tudo fresquinho. Mari e Ana saíram para caminhar na praia, enquanto Junior lia livro. Voltamos a tempo de ver o jogo do Brasil contra Portugal, jogo chato. De tarde, Mari e Ana foram comprar biquinis. Voltamos e fomos dar um mergulho no mar. Mar tranquilo, sem muitas ondas, com muitos barcos. A praia tem muitas algas. Existe um pier destruído no mar. O pier de Cumuruxatiba se incorporou à paisagem do lugar, construído nos anos 50 por uma empresa alemã com objetivo de facilitar o acesso de navios à praia para retirada da areia monazítica, que é medicinal. É o segundo maior píer do mundo, com mais de 600 m de extensão. Vários turistas vão para a praia se enlamear desta areia.
Não colocamos no post anterior, mas jantamos no lanche do 14, trailer de lanches, o unico aberto àquela hora.
Neste dia, fomos no restaurante Ema e comemos três PFs de peixe Sarda, arroz, feijão e salada. Apesar das moscas atrapalhando-nos, a comida estava boa. A indicação foi de Nadir e Terry, casal que fizemos amizade na barraca do Régi. Barraca do Régi: melhor barraca em frente ao mar para tomar uma cerveja e comer bolinhos de aipim, especialidade da casa. Muito bom! Recomendamos lá, até porque tem cadeiras de madeira para se sentar em frente ao mar. Nadir, amiga de Regi, mineira de Teophilo Ottoni (sim, o mesmo do Serro) passou grande parte da vida na Inglaterra. Lá conheceu Terry seu marido, e vieram morar em Cumurux... Terry pouco fala português e Mari arriscou trocar umas palavras com ele. Eles tem dois cachorros ótimos: Bruce, rotweiller nenê grandão e Toby, cocker pretinho sujo de areia. Os cachorros só entendem em inglês, haha.
De noite, com preguiça de sair, tomamos chocolate quente feito no fogareiro com bolachas. Dormimos.
Junior lendo na rede da pousada
um pedaço de praia
píer
Onde esta Ana?
 anoitecer

terça-feira, 29 de junho de 2010

Décimo Terceiro Dia de Viagem

Acordamos em Jequié, passamos no banco, farmácia, etc, para aproveitar a cidade grande. Frustração: era feriado de São João, e quase nada tava aberto. Seguimos viagem para Cumuruxatiba. Na estrada de Ipiaú para Ubaitaba encontramos vários lixões a céu aberto, em meio a Zona da Mata, na beira da estrada. É a imagem do descaso do poder público com a população. Um bando de urubus, lixo queimando, um horror. Em um dos lixões, tinha um morador da região com seu filho que vinha correndo pelo lixão, e Ana ao tirar a foto-denúncia, escandalizada e revoltada gritou: NÓS VAMOS DENUNCIAR ISSO AÍ! E o pacato cidadão concordou e disse "é bom mesmo!!". Temos aqui as fotos da nossa fotógrafa amadora:

Acessamos a rodovia BR-101 sentido ao sul e após 30 km uma parada estratégica para abastecimento no Posto da Lorena - prazer em te servir. Junior foi ao banheiro. Enquanto isso Ana, depois do banheiro, entrou no boteco do posto e avistou um coco com um canudo em cima do balcão. Apoderou-se do coco e tentou tomar a água de coco com o porém de que não havia nem mais um gole, xingando Junior em pensamento "ai, ele nunca deixa nada, sempre toma e come tudo". Então... Junior adentra o buteco e pede um coco para tomar. Ana olhou para aquilo inconformada e resolveu confimar o ato, perguntando a Junior "você vai tomar agua de coco só agora?" Ele respondeu que sim. Eis que entra Mari no boteco e se dirige ao antigo coco que ainda estava no balcão, quando Junior disse "não Mari! esse coco é do caminhoeiro!" Mari pediu um coco e olhou para sua mãe, que estava com uma cara de nojo, e perguntou "que foi, mãe?". Ela respondeu que nada, porém Mari resolveu olhar o local tentando ver o que havia de tão nojento ali. Ao entrarmos todos no carro, depois de ter tomado o coco, Ana estava desinfetando a boca com Álcool em gel de erva doce e gritava "AAI! AAAI!". O alcool ardia a boca dela. Junior perguntou o que era aquilo e ela, com muita vergonha, confessou que tomou o coco do outro por engano e estava morrendo de nojo. HAHAHA

O resto do dia ficamos enchendo o saco de Ana, ainda mais quando ela, horas depois, com frio pediu à Mari: "Mari, pega aí atrás o meu MOLETINHO." Junior e Mari assustados perguntaram o que é isso. Ana explicou entre risos que era um moletom fininho. Até hoje zuamos o moletinho.
Paramos no Fazendo Fazenda na cidade de Camacan para almoçar, muito gostoso, tranquilo, limpo e ecológico. Tomamos sucos típicos, Mari de Açai, Ana de Cupuaçu e Junior de Jenipapo - que era horrível. Ana e Mari comeram cuzcuuz baiano (tipo farofinha) com ovo mexido, e junior pão com linguiça, ovo e queijo.
Ana e Junior pegos de surpresa pela câmera (mentira)

Depois de 150 km de asfalto encaramos à noite mais 32 km de estrada de chão até chegar em Cumuruxatiba, cidade indicada pelo Cesão. Na primeira pousada que paramos fechamos negócio, a Pousada Axé, mas a cidade é cheia de pousadinhas até um hotel mais luxuoso. No próximo post, falaremos melhor desta cidade.
Total de kms rodados no dia: cerca de 500 km.
Dormimos para aproveitar sossego no dia seguinte.


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Décimo Segundo de Viagem - noite

Saímos da Chapada às 14 horas em direção ao litoral sul da Bahia. Na intenção de cortar caminhos para não passar em Feira de Santana, pegamos uma estrada de Iaçu até Milagres. Nos demos mal. A estrada, que no guia rodoviário constava como asfaltada, era um asfalto terrível, que se fosse de terra seria melhor. Para salvar a noite, vimos rapidamente uma raposa e um veado campeiro atravessando a estrada. Finalmente, com muito esforço e com atrasado de 2 horas, chegamos à BR-116. Seguimos em direção ao Sul, passando pelo curioso Povoado do km 100. Sim, o nome da cidade é este: Povoado do km 100. Ana elaborou uma teoria para este nome, já que achávamos um absurdo esta falta de criatividade, dizendo que todo mundo falava “ah, vô lá na tia que mora ali no povoado do km 100” e foi ficando, até virar domínio popular. Paramos em Itiruçu em um posto de gasolina, tomamos café e comemos um horrível salgado. Para variar, a festa de São João estava rolando a mil, e não tinha vagas no hotel da cidade. Seguindo caminho, fomos atentos no rádio, escutando as notícias regionais sobre as festas São João, para escolher a que tinha menos badalação. Passamos longe de Jaguaquara, que rolava DUAS grandes festas na cidade, uma no entroncamento e outra no centro, em um São João animadíssimo. Escolhemos Jequié, a maior cidade do trajeto, porém não tão badalada.
Jequié: chegamos às 22 horas. Para variar, procuramos vagas nos hotéis, e só achamos no Hotel Rio Branco (segundo o slogan: a estrela aqui é você). Preço razoável, quarto até que legal, chuveiros por energia solar (este banho e o do Camping tão ganhando de melhores até agora). Enquanto Junior procurava hotel, chegou um velhinho que limpava os vidros dos carros estacionados conversar com Mari e Ana. Ele disse “ vai ter Roberto Gil ali embaixo”. Ana perguntou “quem? Roberto Gil?” Ele respondeu “é, o Ministro...” A gente não acreditou. Depois, olhando a programação ficamos sabendo que Gilberto Gil vai tocar no sábado. Saímos para, maldizendo nossa boca, o São João procurar comida. Era uma festa na praça, até que tranquila, com um show de forró. Junior estava indignado porque na Bahia só tem Skol e Nova Schin, e ele gosta de no mínimo uma Antartica para cima. Está se contentando com a Skol, para não ficar de bico seco. Ana e Mari comeram crepe suiço, Junior panqueca, crepe e acarajé. Estavamos sentados na mesma mesa que um senhor e um caminhoneiro, por falta de mesas. Ana, achando que eram simpáticos, puxou papo. O senhor, que parecia o Zeca Diabo misturado com o Sinhosinho Mauta (baixinho, gordinho, feio, chapéu de boiadeiro, óculos com armação dourada, pulseira grossa de ouro, relógio de ouro, colar de ouro, anel de ouro... enfim Sinhosinho total) começou a falar sem parar. Falou da “onça” (sua ex mulher), dos políticos da família e da matança (“se mexer com primo meu, eu mesmo vo lá e mato”). O caminhoneiro, quando consultado sobre caminhos, apenas disse “eu conheço esse Brasilzão todo”. Saímos quando pudemos e encerramos a noite com três churros. Dormimos.

 Jequié

Décimo Segundo Dia de Viagem - Adeus, Chapada

Acordamos às 7 horas da manhã, tomamos o último café-da-manhã na pousada Recanto da Chapada. Antes de pegarmos estrada passamos pelo cemitério bizantino Santa Izabel. Este cemitério fica sobre as pedras e segundo Tony só existem dois assim no mundo. O mais bonito é à noite, quando ilumina-se as tumbas brancas que refletem a luz. Foi cenário de Abril Despedaçado. Seguimos viagem. Não paramos em Igatu, cidade turística toda de pedra que foi cenário do filme Besouro. Paramos só em Andaraí e compramos pilhas, tomamos água de coco e Junior tomou sorvete de tapioca. Seguimos para Lençóis – capital turística da Chapada.
Lençóis: cidade em estilo colonial preservada em que se concentra a maior estrutura turística, incluindo hotelaria, restaurantes e ecoturismo. Mesmo assim, não encontramos pousadas acessíveis, até porque a maioria estava lotada por causa do São João, e as que tinham vagas, cobravam preços absurdos. Tomamos cerveja e almoçamos. Resolvemos ficar em Iraquara, a cidade das grutas, bem ao norte da Chapada. Antes de seguir, demos uma volta por Lençóis e tomamos sorvetes típicos (graviola, mangaba, cajá, acerola). Fomos embora em direção à Iraquara.
Iraquara: cidade pequena e não conservada no estilo colonial como todas as outras que passamos. Tínhamos ligado para a pousada das Grutas, porém não gostamos quando vimos sua fachada – ela realmente parecia uma gruta com janelas pequeníssimas e retangulares. Resolvemos nos hospedar na pousada Recanto do Major, situada na fazenda Pratinha – onde existe o rio Pratinha, a gruta da Pratinha e a Gruta Azul. Passamos no caminho por um povoadinho de Santa Rita, muito bonitinho. Nos hospedamos. Mari e Ana viram uns 15 macaquinhos na árvores e uns pássaros laranjas e amarelos muito bonitos.
Noite do terror: o quarto da pousada Recanto do Major era esquisito, com as camas apertadas de costas para a janela. O banheiro estava sujo, com estalactites na parede do banheiro. Os edredons cheirando fortemente à naftalina – depois encontramos a bendita lá no armário. O lugar era longe de tudo e dependíamos da infra-estrutura da pousada, coisa que não existia. O lanche era ruim e caro. O café da manhã era horrível, eleito o pior café da manhã da Chapada. A pousada foi a mais cara e a pior de toda a viagem. Resolvemos sair na manhã seguinte, aproveitando apenas estar dentro da fazenda Pratinha e ver o que havia lá dentro. Junior ao encontrar o dono, que lhe deu bom dia, ele respondeu “péssimo.” Depois, meteu a boca em tudo de ruim da pousada.
Pratinha: o dia amanheceu nublado, por isso não aproveitamos tanto. Mesmo assim, a gruta da pratinha é linda, sua água é azulada e tem muitos peixinhos. O rio também é muito bonito, ótimo para banho, tem tirolesa (paga). O que estraga são as cadeiras de plástico na beira do rio junto do bar – nada a ver com o lugar. O mais divertido são os patos, que descobrimos ser criaturas engraçadíssimas – o líder ficava com uma pata no chão e outra levantada, depois alguns foram dormir com a cabeça virada para trás e três ficaram de vigília, ás vezes, eles grunhiam para o céu, pouco a pouco os vigias foram dormindo, um deles dormiu de pé, com a cabeça virada para trás, e o líder, resistindo, dava umas pescadas de sono.
Pensando no que fazer, resolvemos ir para a gruta da Torrinha. Havia também Lapa Doce, porém o guia da Chapada glorificava a Torrinha – e com razão.
Gruta da Torrinha: o acesso é perto, sinalizado e não tão ruim, apesar de ser estrada de terra. Lá o dono, Eduardo, explica o passeio e seus 3 roteiros. O roteiro 1 estava impedido, por isso fizemos o roteiro completo (2 e 3). O preço foi 18 reais/pessoa. Recebemos capacete (casquete) e pegamos nossas lanternas. Nosso guia era o Tiago. E adentramos pela Minas Tirith de Gimli. Fizemos uma exploração de 2 horas e meia (4 km, 2 de ida, 2 de volta) conhecendo as formações mais interessantes. Antes, corria um lençol freático pela gruta. Além das foramções normais de grutas, como estalactites e estalagmites, existiam outras, como:
Elictite – como estalactite, porém desafia a lei da gravidade porque se forma para todos os lados.

Flores de aragonite – uma das mais impressionantes, por causa da forte pressão, formam-se flores de cálcario.

Agulhas de gipsita – nascem do solo, são agulhinhas que parecem ser de cristais, bem finas e pequenas, aos montes (não tem explicação para sua formação).
Bolha de calcário com flor de aragonite – bolha estourada que dentro forma-se a flor.

Vulcões de argila – a água da chuva carrega, além de calcário, materiais grossos como terra e areia, que caíram num extinto lago formando pequenos vulcões.

Flor de aragonite numa electite – formação única no mundo, que não tem explicação.

Estalactites em forma de dente, gasparzinho e enormes colunas.

É considerada a caverna mais completa do Brasil, e vale um passeio.
Saímos umas 14h da tarde, todos sujos. Procurando comida e banho (sem pagar para isso), paramos num balneário do Rio Mucugezinho entre o Pai Inácio e Lençóis. Era um poço, com água muito gostosa e até com uma quedinha massagista. Depois do bom banho, comemos no restaurante de cima um PF de 10 reais bem servido. Seguimos viagem, nos despedindo da Chapada nesta viagem.
lago da pratinha


peixes na gruta da pratinha

gruta da pratinha
Junior na entrada da Torrinha
estalactites e estalagmites
estalactites de calcário, branquinhas

observando a estalactite-peruca

depois de 1 minuto em escuridão total

na passagem da francesa, pouco sujas

Conclusão da Chapada: lugar maravilhoso e único, que toda pessoa deveria conhecer. Porém, para quem não gosta de agitação e não tem muito dinheiro, deve-se evitar a alta temporada e no final de junho (por causa do feriado baiano de São João, que atrapalhou muito nossa viagem). As belezas naturais são cobradas com preços elevados, por serem dentro de propriedades particulares que são autorizadas pelo Ibama. Já outras, como o Buracão e a Fumaça, apesar de não ser caro, é necessário contratar um guia – que nunca é muito barato (diária média de 75 a 100 reais). É preciso saber conversar e pechinchar os preços. Voltaremos mais preparados para a travessia do Vale do Pati e outros lugares como a cachoeira da Fumaça, Fumacinha, Lapa Doce, cidades Igatu e Vale do Capão.