terça-feira, 29 de junho de 2010

Décimo Terceiro Dia de Viagem

Acordamos em Jequié, passamos no banco, farmácia, etc, para aproveitar a cidade grande. Frustração: era feriado de São João, e quase nada tava aberto. Seguimos viagem para Cumuruxatiba. Na estrada de Ipiaú para Ubaitaba encontramos vários lixões a céu aberto, em meio a Zona da Mata, na beira da estrada. É a imagem do descaso do poder público com a população. Um bando de urubus, lixo queimando, um horror. Em um dos lixões, tinha um morador da região com seu filho que vinha correndo pelo lixão, e Ana ao tirar a foto-denúncia, escandalizada e revoltada gritou: NÓS VAMOS DENUNCIAR ISSO AÍ! E o pacato cidadão concordou e disse "é bom mesmo!!". Temos aqui as fotos da nossa fotógrafa amadora:

Acessamos a rodovia BR-101 sentido ao sul e após 30 km uma parada estratégica para abastecimento no Posto da Lorena - prazer em te servir. Junior foi ao banheiro. Enquanto isso Ana, depois do banheiro, entrou no boteco do posto e avistou um coco com um canudo em cima do balcão. Apoderou-se do coco e tentou tomar a água de coco com o porém de que não havia nem mais um gole, xingando Junior em pensamento "ai, ele nunca deixa nada, sempre toma e come tudo". Então... Junior adentra o buteco e pede um coco para tomar. Ana olhou para aquilo inconformada e resolveu confimar o ato, perguntando a Junior "você vai tomar agua de coco só agora?" Ele respondeu que sim. Eis que entra Mari no boteco e se dirige ao antigo coco que ainda estava no balcão, quando Junior disse "não Mari! esse coco é do caminhoeiro!" Mari pediu um coco e olhou para sua mãe, que estava com uma cara de nojo, e perguntou "que foi, mãe?". Ela respondeu que nada, porém Mari resolveu olhar o local tentando ver o que havia de tão nojento ali. Ao entrarmos todos no carro, depois de ter tomado o coco, Ana estava desinfetando a boca com Álcool em gel de erva doce e gritava "AAI! AAAI!". O alcool ardia a boca dela. Junior perguntou o que era aquilo e ela, com muita vergonha, confessou que tomou o coco do outro por engano e estava morrendo de nojo. HAHAHA

O resto do dia ficamos enchendo o saco de Ana, ainda mais quando ela, horas depois, com frio pediu à Mari: "Mari, pega aí atrás o meu MOLETINHO." Junior e Mari assustados perguntaram o que é isso. Ana explicou entre risos que era um moletom fininho. Até hoje zuamos o moletinho.
Paramos no Fazendo Fazenda na cidade de Camacan para almoçar, muito gostoso, tranquilo, limpo e ecológico. Tomamos sucos típicos, Mari de Açai, Ana de Cupuaçu e Junior de Jenipapo - que era horrível. Ana e Mari comeram cuzcuuz baiano (tipo farofinha) com ovo mexido, e junior pão com linguiça, ovo e queijo.
Ana e Junior pegos de surpresa pela câmera (mentira)

Depois de 150 km de asfalto encaramos à noite mais 32 km de estrada de chão até chegar em Cumuruxatiba, cidade indicada pelo Cesão. Na primeira pousada que paramos fechamos negócio, a Pousada Axé, mas a cidade é cheia de pousadinhas até um hotel mais luxuoso. No próximo post, falaremos melhor desta cidade.
Total de kms rodados no dia: cerca de 500 km.
Dormimos para aproveitar sossego no dia seguinte.


segunda-feira, 28 de junho de 2010

Décimo Segundo de Viagem - noite

Saímos da Chapada às 14 horas em direção ao litoral sul da Bahia. Na intenção de cortar caminhos para não passar em Feira de Santana, pegamos uma estrada de Iaçu até Milagres. Nos demos mal. A estrada, que no guia rodoviário constava como asfaltada, era um asfalto terrível, que se fosse de terra seria melhor. Para salvar a noite, vimos rapidamente uma raposa e um veado campeiro atravessando a estrada. Finalmente, com muito esforço e com atrasado de 2 horas, chegamos à BR-116. Seguimos em direção ao Sul, passando pelo curioso Povoado do km 100. Sim, o nome da cidade é este: Povoado do km 100. Ana elaborou uma teoria para este nome, já que achávamos um absurdo esta falta de criatividade, dizendo que todo mundo falava “ah, vô lá na tia que mora ali no povoado do km 100” e foi ficando, até virar domínio popular. Paramos em Itiruçu em um posto de gasolina, tomamos café e comemos um horrível salgado. Para variar, a festa de São João estava rolando a mil, e não tinha vagas no hotel da cidade. Seguindo caminho, fomos atentos no rádio, escutando as notícias regionais sobre as festas São João, para escolher a que tinha menos badalação. Passamos longe de Jaguaquara, que rolava DUAS grandes festas na cidade, uma no entroncamento e outra no centro, em um São João animadíssimo. Escolhemos Jequié, a maior cidade do trajeto, porém não tão badalada.
Jequié: chegamos às 22 horas. Para variar, procuramos vagas nos hotéis, e só achamos no Hotel Rio Branco (segundo o slogan: a estrela aqui é você). Preço razoável, quarto até que legal, chuveiros por energia solar (este banho e o do Camping tão ganhando de melhores até agora). Enquanto Junior procurava hotel, chegou um velhinho que limpava os vidros dos carros estacionados conversar com Mari e Ana. Ele disse “ vai ter Roberto Gil ali embaixo”. Ana perguntou “quem? Roberto Gil?” Ele respondeu “é, o Ministro...” A gente não acreditou. Depois, olhando a programação ficamos sabendo que Gilberto Gil vai tocar no sábado. Saímos para, maldizendo nossa boca, o São João procurar comida. Era uma festa na praça, até que tranquila, com um show de forró. Junior estava indignado porque na Bahia só tem Skol e Nova Schin, e ele gosta de no mínimo uma Antartica para cima. Está se contentando com a Skol, para não ficar de bico seco. Ana e Mari comeram crepe suiço, Junior panqueca, crepe e acarajé. Estavamos sentados na mesma mesa que um senhor e um caminhoneiro, por falta de mesas. Ana, achando que eram simpáticos, puxou papo. O senhor, que parecia o Zeca Diabo misturado com o Sinhosinho Mauta (baixinho, gordinho, feio, chapéu de boiadeiro, óculos com armação dourada, pulseira grossa de ouro, relógio de ouro, colar de ouro, anel de ouro... enfim Sinhosinho total) começou a falar sem parar. Falou da “onça” (sua ex mulher), dos políticos da família e da matança (“se mexer com primo meu, eu mesmo vo lá e mato”). O caminhoneiro, quando consultado sobre caminhos, apenas disse “eu conheço esse Brasilzão todo”. Saímos quando pudemos e encerramos a noite com três churros. Dormimos.

 Jequié

Décimo Segundo Dia de Viagem - Adeus, Chapada

Acordamos às 7 horas da manhã, tomamos o último café-da-manhã na pousada Recanto da Chapada. Antes de pegarmos estrada passamos pelo cemitério bizantino Santa Izabel. Este cemitério fica sobre as pedras e segundo Tony só existem dois assim no mundo. O mais bonito é à noite, quando ilumina-se as tumbas brancas que refletem a luz. Foi cenário de Abril Despedaçado. Seguimos viagem. Não paramos em Igatu, cidade turística toda de pedra que foi cenário do filme Besouro. Paramos só em Andaraí e compramos pilhas, tomamos água de coco e Junior tomou sorvete de tapioca. Seguimos para Lençóis – capital turística da Chapada.
Lençóis: cidade em estilo colonial preservada em que se concentra a maior estrutura turística, incluindo hotelaria, restaurantes e ecoturismo. Mesmo assim, não encontramos pousadas acessíveis, até porque a maioria estava lotada por causa do São João, e as que tinham vagas, cobravam preços absurdos. Tomamos cerveja e almoçamos. Resolvemos ficar em Iraquara, a cidade das grutas, bem ao norte da Chapada. Antes de seguir, demos uma volta por Lençóis e tomamos sorvetes típicos (graviola, mangaba, cajá, acerola). Fomos embora em direção à Iraquara.
Iraquara: cidade pequena e não conservada no estilo colonial como todas as outras que passamos. Tínhamos ligado para a pousada das Grutas, porém não gostamos quando vimos sua fachada – ela realmente parecia uma gruta com janelas pequeníssimas e retangulares. Resolvemos nos hospedar na pousada Recanto do Major, situada na fazenda Pratinha – onde existe o rio Pratinha, a gruta da Pratinha e a Gruta Azul. Passamos no caminho por um povoadinho de Santa Rita, muito bonitinho. Nos hospedamos. Mari e Ana viram uns 15 macaquinhos na árvores e uns pássaros laranjas e amarelos muito bonitos.
Noite do terror: o quarto da pousada Recanto do Major era esquisito, com as camas apertadas de costas para a janela. O banheiro estava sujo, com estalactites na parede do banheiro. Os edredons cheirando fortemente à naftalina – depois encontramos a bendita lá no armário. O lugar era longe de tudo e dependíamos da infra-estrutura da pousada, coisa que não existia. O lanche era ruim e caro. O café da manhã era horrível, eleito o pior café da manhã da Chapada. A pousada foi a mais cara e a pior de toda a viagem. Resolvemos sair na manhã seguinte, aproveitando apenas estar dentro da fazenda Pratinha e ver o que havia lá dentro. Junior ao encontrar o dono, que lhe deu bom dia, ele respondeu “péssimo.” Depois, meteu a boca em tudo de ruim da pousada.
Pratinha: o dia amanheceu nublado, por isso não aproveitamos tanto. Mesmo assim, a gruta da pratinha é linda, sua água é azulada e tem muitos peixinhos. O rio também é muito bonito, ótimo para banho, tem tirolesa (paga). O que estraga são as cadeiras de plástico na beira do rio junto do bar – nada a ver com o lugar. O mais divertido são os patos, que descobrimos ser criaturas engraçadíssimas – o líder ficava com uma pata no chão e outra levantada, depois alguns foram dormir com a cabeça virada para trás e três ficaram de vigília, ás vezes, eles grunhiam para o céu, pouco a pouco os vigias foram dormindo, um deles dormiu de pé, com a cabeça virada para trás, e o líder, resistindo, dava umas pescadas de sono.
Pensando no que fazer, resolvemos ir para a gruta da Torrinha. Havia também Lapa Doce, porém o guia da Chapada glorificava a Torrinha – e com razão.
Gruta da Torrinha: o acesso é perto, sinalizado e não tão ruim, apesar de ser estrada de terra. Lá o dono, Eduardo, explica o passeio e seus 3 roteiros. O roteiro 1 estava impedido, por isso fizemos o roteiro completo (2 e 3). O preço foi 18 reais/pessoa. Recebemos capacete (casquete) e pegamos nossas lanternas. Nosso guia era o Tiago. E adentramos pela Minas Tirith de Gimli. Fizemos uma exploração de 2 horas e meia (4 km, 2 de ida, 2 de volta) conhecendo as formações mais interessantes. Antes, corria um lençol freático pela gruta. Além das foramções normais de grutas, como estalactites e estalagmites, existiam outras, como:
Elictite – como estalactite, porém desafia a lei da gravidade porque se forma para todos os lados.

Flores de aragonite – uma das mais impressionantes, por causa da forte pressão, formam-se flores de cálcario.

Agulhas de gipsita – nascem do solo, são agulhinhas que parecem ser de cristais, bem finas e pequenas, aos montes (não tem explicação para sua formação).
Bolha de calcário com flor de aragonite – bolha estourada que dentro forma-se a flor.

Vulcões de argila – a água da chuva carrega, além de calcário, materiais grossos como terra e areia, que caíram num extinto lago formando pequenos vulcões.

Flor de aragonite numa electite – formação única no mundo, que não tem explicação.

Estalactites em forma de dente, gasparzinho e enormes colunas.

É considerada a caverna mais completa do Brasil, e vale um passeio.
Saímos umas 14h da tarde, todos sujos. Procurando comida e banho (sem pagar para isso), paramos num balneário do Rio Mucugezinho entre o Pai Inácio e Lençóis. Era um poço, com água muito gostosa e até com uma quedinha massagista. Depois do bom banho, comemos no restaurante de cima um PF de 10 reais bem servido. Seguimos viagem, nos despedindo da Chapada nesta viagem.
lago da pratinha


peixes na gruta da pratinha

gruta da pratinha
Junior na entrada da Torrinha
estalactites e estalagmites
estalactites de calcário, branquinhas

observando a estalactite-peruca

depois de 1 minuto em escuridão total

na passagem da francesa, pouco sujas

Conclusão da Chapada: lugar maravilhoso e único, que toda pessoa deveria conhecer. Porém, para quem não gosta de agitação e não tem muito dinheiro, deve-se evitar a alta temporada e no final de junho (por causa do feriado baiano de São João, que atrapalhou muito nossa viagem). As belezas naturais são cobradas com preços elevados, por serem dentro de propriedades particulares que são autorizadas pelo Ibama. Já outras, como o Buracão e a Fumaça, apesar de não ser caro, é necessário contratar um guia – que nunca é muito barato (diária média de 75 a 100 reais). É preciso saber conversar e pechinchar os preços. Voltaremos mais preparados para a travessia do Vale do Pati e outros lugares como a cachoeira da Fumaça, Fumacinha, Lapa Doce, cidades Igatu e Vale do Capão.

Décimo Primeiro Dia de Viagem

Acordamos às 5 da manhã, preparados para os 3 dias de caminhada no Vale do Pati, pelo despertador Alvorada, vulgo foguetório de São João. Esta á uma tradição da cidade de Mucugê que, durante o mês de junho nas festas de Santo Antonio e São João, ocorre a tal Alvorada, que é o despertar por bombas e foguetes às 5:00 da manhã para a saída da filarmônica que percorre a cidade, convidando o povo todo para um café-da-manhã típico na Igreja Matriz. Não participamos nenhum dia, por preguiça de levantar da cama. Bem, Junior foi o primeiro a sair do quarto e se deparou com um tempo feíssimo, chovendo, fechado. Ana e Junior – Mari ainda estava na cama – decidiram que não iríamos mais no Vale do Pati pois caminhada no mato com chuva não é lazer, é exercício militar (coisas de Lívia). Ainda tinha outro fator que se coloca contra nossa ida, já falado, era falta de hospedagem por causa das festas de São João. Descobrimos que quarta-feira, dia 23 de junho, é feriado na Bahia, prologando-se, em alguns lugares, até quinta e sexta – um carnaval junino. Desempolgados, resolvemos fazer outro passeio: o Buracão.
Buracão: cachoeira de 70 metros localizada perto do município de Ibicoara, no sul da Chapada. Fomos para Ibicoara, já que é quase impossível ir sem guia pela primeira vez, pois não tem sinalização nenhuma no caminho para o Buracão. Passamos na Associação de Guias Bicho do Mato, contratamos uma guia por 75 reais: a Oze, que se chama Oziene, e que Ana a chamou o dia inteiro de Zô. Lá fomos nós quatro para a cachoeira. Uma hora em estrada de chão ruim de carro, pagando 3 reais por pessoa. Lá dentro, são 3 km de ida, e 3 de volta. As trilhas, no início são de nível fácil, mas depois ficam difíceis. Temos que descer e subir pedras e ultrapassar obstáculos. Passamos pelo Rio Espalhado, que acompanha quase todo o caminho, pela cachoeira Orquídea da Serra – que se diz o melhor banho da região, pela cachoeira Recanto Verde – que não pode tomar banho, em vista à preservação. Finalmente chegamos em um cânion, a partir temos duas opções de caminho: pela água ou escalando as paredes de pedra. Optamos pela água. Podíamos pular – 4 metros - ou descer pela quedinha d'água. Junior logo deu um mergulho de Tarzan, achando-se estiloso. Quando caiu na água, ficou pálido de frio. Ana ficou se decidindo, com medo de pular. Acabou desistindo, mas Mari incentivada por Junior, pulou e gritou. Ana, que não queria ser a única a não pular, acabou se rendendo. A água é muito gelada e tem cor de coca-cola. A guia nos jogou os coletes salva-vidas, e seguimos pelo corredor de água com paredes imensas de pedra sedimentada. Chegamos, enfim, ao cenário Senhor dos Anéis que queríamos ver. Entendendo o nome Buracão, a cachoeira fica em um buraco enorme cercado de paredões enormes de pedras por todos os lados. A cachoeira, apesar de não estar em sua melhor forma pelo período da estiagem, é linda, maravilhosa, inigualável. Fomos até debaixo dela, onde recebemos um super jato de água constante. Até que Mari e Ana sentiram-se afogadas pela constância da água muito forte na cara e todos resolveram pular. Junior pulou primeiro, Mari pulou desengonçadamente, porque escorregou da pedra na hora de pular e Ana ficou apavorada. Oze ensinou à ela como se pula certo: na pontinha da pedra, com os dedos dobrados. Todos em água, fomos abraçados e batendo os pés, pensando sobre Senhor dos Anéis (Junior Boromir que se diz Aragorn, Mamãe que se diz Arwen - que não é aventureira fica só meditando entre as árvores - Mari hobbit – apesar dela não concordar pelos pés peludos - e Oze guia Smeagol.) Tomamos sol nas pedras, aproveitando o cenário e depois voltamos pelo caminho das paredes de pedras. Lá chegando, fizemos a nossa refeição. Ana comeu as lembas (como apelidamos as famosas bolachas de arroz isopor Name) e ofereceu à Oze, que até gostou – ou estava sendo educada. Voltamos. Mas a volta não ocorreu sem emoções... Ana, que estava com seu tênis de corrida urbana, não com sua bota trekking aventureira presentada por Junior e de mochila, caiu e torceu o pé direito. Foi um Deus-nos-acuda. Oze fez uma massagem e imobilizou o pé de Ana com ataduras. Sem antes Junior dizer: a viagem acabou aqui. Não acabou. Continuamos com Ana, que não se deixa abater, porém meio manca. Chegamos até o carro, vimos o banheiro seco, e Mari até bateu a cabeça no trinco. Banheiro seco: tecnologia ecologicamente correta sem desperdício de água em que a descarga é uma concha de serragem e uma de cal para virar adubo depois. Na volta, paramos em um mirante para ver o Campo Redondo. Neste lugar, segundo Oze, moram ufólogos que estudam os ets naquela região. Oze diz que nunca viu nada, mas que o povo diz ver. Nós vimos os círculos no solo – em que não cresce outra vegetação – no caminho de Ibicoara para Mucugê. Para subir no mirante, Junior empurrou Mari para subir na pedra, e esta bateu o joelho, ralando-o. Machucados e cansados, voltamos para Mucugê.
Mucugê noite: comemos uma pizza na Mama, que é ucraniana, e faz uma pizza deliciosa – fininha e crocante. Ana e Junior foram ao hospital de Mucugê, demoraram para o encontrar numa cidade de 4 mil habitantes. Fomos recebidos pelo Dr. Marcelo que examinou o pé de Ana e prescreveu uma injeção anti-inflamatória extremamente doída. Ana saiu reclamando de muita dor com o pé inchado. Fomos para a pousada, descansar para seguir viagem no dia seguinte em direção ao norte da Chapada.

oze, mãe e jr na trilha

querendo voar no rio espalhado


rio espalhado


Boromir

cachoeira do Buracão


Ana pulando



buracão visto de cima



Décimo Dia de Viagem

Acordamos e tomamos um super café-da-manhã na pousada Recanto da Chapada. Logo Tony foi nos ensinar como chegar no Poço Azul, um dos filés dessa região da Chapada. Pegamos o carro e seguimos na direção nordeste, nos orientando pelo mapa de Roberto, pelo GPS e pelas pessoas, que estavam geralmente tocando gado. Paramos antes do rio Paraguaçu, que nesta época do ano fica bem seco, dando para atravessá-lo a pé. Mais a frente, achamos a guarita e pagamos a taxa de 10 reias por pessoa. Apesar de salgada, descobrimos como vale a pena. Lá dentro, deve-se tomar uma ducha antes. Seguimos com um guia descendo para dentro da gruta, num caminho não tão fácil, mas bem facilitado.
Poço Azul: chegamos por volta de 10 da manhã. O lugar é inenarrável... lindo, indescritível! É uma gruta com corpo hídrico (um lago, esta linguagem vem do Junior) que tem uma vazão de 9 m³/s, porém muito parada, formando um espelho perfeito. Há uma entrada de luz em cima da gruta que tem a forma da Bahia ou do Brasil sem o Rio Grande do Sul. Agora, o melhor é quando, por cerca de 12:30 – somente no período de abril a setembro – bate um raio de luz e forma-se um feixe de luz azul impressionante. Nesta hora, o melhor é ninguém estar nadando, para que a água fique precisamente parada, desenhando formas no fundo. Após as fotos, pode-se flutuar com colete salva-vidas, máscara de mergulho e snoker – tudo fornecido pelo guia local, sem custo adicional. A profundidade é de 24 metros com total visibilidade do fundo, onde há formações rochosas e troncos caídos. É... maravilhoso. Nesse momento, estávamos nós e três colombianos. O guia local que estava lá, Juracir 20 e poucos anos, é muito competente, atencioso e gozador. Apelidou Junior de “o homem que não boiava”, o chamava de Doutor e corinthiano (por ele ter achado que era paulista). Chamava de Ana “a mulher que boiava demais”, porque era levada com facilidade de água, ele não conseguia tirar foto dela. Só Mari que era a “garotinha” estável, aliás, ele perguntou se ela sabia nadar, achando que ela era uma criança.
Foi ótimo.
Vimos o jogo do Brasil em Mucugê, o primeiro tempo almoçando numa churrascaria e o segundo tempo na Pousada. Que foi muito animado, menos para Junior que dormiu. No primeiro jogo, ele também dormiu e roncou lá em Januária – e todo mundo gritou GOL! sem ter gol para acordá-lo no susto.
De noite, conversamos com o guia Antonio, empolgados em fazer a travessia do Vale do Pati de Guiné a Andaraí. Diz ser esta a Santiago tupiniquim, com 3 dias de caminhada, passando por cenários tipo Senhor dos Anéis, a 6 horas de qualquer civilização – apenas tem os pontos de apoio, em casas da comunidade, que dão cama e comida típica. O único problema era aonde ficaríamos no retorno da caminhada, já que Mucugê estaria toda lotada a partir do dia 23 para a Festa de São João.
Comemos pizza na Pizzaria da Garagem, cujo os donos são jovens italianos - e a pizza é ótima. Voltamos para a pousada, arrumamos as mochilas e equipamentos e dormimos.
esta foto é o máximo: vire-a ao contrário no seu computador e... tcharam... igualzinho!
brésil?
:]
junior: o homem que não sabe boiar
Mari: o equilíbrio! haha
 Ana: a mulher que boia facilmente
era pra ser uma estrela...
12:30
cachoeira de luz
na luz azul







sábado, 26 de junho de 2010

Nono Dia de Viagem

Acordamos, tomamos café-da-manhã na pousada Flamboyant e fomos nos despedir de Rio de Contas. Passamos no Pouso dos Creolous, para nos despedir de Fernando, Sayonara e Ana Amélia. Levamos pimenta, sabonetes, pilãozinho e camiseta (souvenir pra dar e vender!). Fomos até a feira livre da cidade, que não é lá essas coisas – não se compara com o mercado de Januária. Levamos só um buquê de Sempre-vivas, que são florzinhas que nunca morrem.
Partida: saímos às 11 horas da manhã, em direção a Ibicoara pela trilha do Paiol, indicada por Fernando.
Trilha (mesmo!) do Paiol: trilha indicada somente para carros 4x4, com o pequeno porém de que nosso carro não é. Assim, pela trilha de pedra, terra, subidas difíceis, curvas acentuadas, o motorista Junior teve que rebolar muito para vencer os obstáculos. Chega-se à comunidade do Paiol, que é pequeníssima, com poucas casas e nenhum bar. Apesar disso, é bonitinha, toda arrumadinha com suas cerquinhas de pedra. Pelo caminho encontramos dois figuras sertanejas: o senhor Baiano e o senhor João Batista. Este último ficou desconfiadíssimo quando pedimos para tirar uma foto, Junior foi ao lado dele e acenou com a mão direita, o homenzinho, vendo isso e perdido com o momento, imitou ele, timidamente. Antes de irmos, Ana disse à ele que a foto para a internet. Rimos muito, e ele ficou na mesma. Apesar dos pesares, a vista é deslumbrante, com altitude média de 1500m – o ponto mais alto que subimos até agora na Chapada.
Ibicoara: depois de muito esforço, chegamos à Ibicoara às 14 horas e almoçamos no KIMASSA. O almoço foi tipo um PF para 3 pessoas com arroz, macarrão, aipim, feijão com farofa de copiaba e um contra-filé que foi vendido como picanha. Tentamos procurar uma pousada para ficar na cidade, já que é próxima da cachoeira do Buracão e da Fumacinha. Mas... não deu certo. Não existe um lugar decente para ficar no local - a cidade não tem infra-estrutura para o turismo. Fomos conhecer a Ecopousada do Buracão, que de ecológica não tem nada... a pousada é da prefeita, e é um horror. Por falta de opção e indignados, seguimos em direção à Mucugê.
Mucugê: cidade central geograficamente do Parque Nacional da Chapada Diamantina... é bonitinha, conservada em estilo colonial – embora Rio das Contas ainda seja mais bonita, na nossa opinião. A cidade estava toda enfeitada para a Festa de São João, cheia de bandeirinhas, enfeites de garrafa pet e panos coloridos imitando cortinas nas janelas das casas. Ligamos para todas as pousadas que constavam no nosso guia, e fomos visitar a Recanto da Chapada, que apesar de não ser a mais barata, o dono foi o mais simpático. Chegando lá, fomos muito bem recebidos por Tony, baiano de Salvador, que tem a pousada há 6 anos e que adora fazer ecoturismo. Ficamos lá. De noite, paramos em uma loja chamada Trilhos e Caminhos e lá conversamos com Roberto Sapucaia. Ciclista profissional, com 61 anos de idade, ele que faz todos os mapas de cicloturismo da Chapada, além de ser fotografo da região, escritor sobre cicloturismo e gente muito boa. Compramos o mapa mais atualizado da Chapada, com distâncias, curvas de níveis, trilhas e os pontos a serem visitadas. Ana comprou sabonetes do Capão, naturalíssimos. Também tomamos café no Café.com do Renato, de Salvador também, e recomendamos o chocolate quente e o bolo de milho de lá. No dia anterior, Mari tinha lido o livro Abril Despedaçado (do filme) que além de terem filmado em Rio das Contas, também em Mucugê. E lá constava um relato da existência de uma maca que levava os bêbados que caiam na praça de Mucugê. Mari achou que não existia mais a tal maca, mas chegando lá... demos de cara com uma maca verde em forma de caixão com frases engraçadíssimas. Confirmamos com Renato se era mesmo para levar os bêbados desmaiados, e ele confirmou, haha. Vide as fotos. Dormimos para aproveitar o dia seguinte melhor.






barragem

 sertão

 seu Bahia

 sertanejo desconfiado

 vista do Paiol

 hahahaha

 maca pra levar os bêbados

 Junior em mucugê, com enfeites de pets

domingo, 20 de junho de 2010

Oitavo Dia de Viagem

Rio das Contas (cachoeira do Fraga): acordamos, tomamos café da manhã na Pousada Flamboyant, aproveitando as tapiocas - lembrando que Ana ama comidas típicas. Seguimos para o Pouso dos Creoulos, conhecemos Fernando. Ele nos deu instruções para conhecer a Cachoeira do Fraga. Compramos pimenta (do Junior!!), chapéu, sabonete, guia da Chapada. Seguimos a pé para a cachoeira. Resolvemos ir pelo caminho da barragem, que era mais curto, porém mais difícil, cheio de pedras, riachos e matos. Depois de 3 km, chegamos e aproveitamos a cachoeira, tirando fotos da sua queda média (a maior não dava para tirar foto, pois estavamos em cima dela), que é muito extensa e bonita. Mas só nadamos lá em cima, onde tem umas quedinhas, pois achamos que a cachoeira maior era perigosa por causa da correnteza. Nadamos e depois nos informamos com o rapaz que trabalha no bar de lá sobre a Estrada Real. Resolvemos encarar o desafio de 6km de descida.
Estrada Real: Estrada que foi construída pelos escravos, a mando da Coroa portuguesa. É uma trilha apertada - só passa pedestre - cheia de mato, riachinhos e praticamente de pedra (não, não pedras perfeitamente colocadas! haha). Dica de Mari: só no fim da estrada fui descobrir um método de andar rápido naquela trilha, já que estava sempre bem atrás. Como tenho as pernas mais curtas da família, explico para aqueles que sofrem do mesmo mal: não pensa-se em andar pelas pedras, e sim em saltar. Não se deve ter medo, apenas o necessário para não cair, e para ajudar é bom ter um apoio (no nosso caso, um galho de uma árvore encontrado no caminho) que dá uma sensação de segurança, apesar de não tão confiável. Assim, deve-se abrir as pernas ao máximo, pisando nas maiores pedras. Pronto! Depois de toda essa caminhada difícil e técnica, chegamos a uma bifurcação em uma estrada de terra. Sem nenhuma placa, seguimos para a esquerda e demos na Rodovia que liga Rio das Contas e Livramento de Nossa Senhora. Vimos a cachoeira do rio Brumado de longe, só mais tarde descobrimos que deveríamos ter virado à direita para chegar lá. São 4 quedas de 70 metros. Mas já era 4 e meia da tarde, e aqui na Bahia escurece cedo. Tentamos pedir carona, andando muito cansados para Rio das Contas, pela rodovia. Depois que uma mulher passou sozinha e nem olhou para a gente, desistimos. Chegando finalmente em Livramento, andando MAIS cerca de 6km, ficamos sabendo que a rodoviária (para pegar onibus para Rio das Contas) ficava a 4 km - e advinha, a cidade nem tem ônibus circular! Então Júnior pegou um Mototáxi para pegarmos Mari e Ana em Livramento com o carro depois. As histórias agora se separam, as duas engraçadas.
Mari e Ana: não achamos padaria, tudo muito longe. Conversamos com um velhinho que disse para ficarmos pra São João. Aqui na Bahia, a festa de São João é mais tradicional, as pessoas acendem fogueira em frente de casa, as cidades se enchem de bandeirinhas - esse ano, quase todoas verdes e amarelas -, decorações caipiras e de gente de todo lugar. Paramos mesmo num boteco de esquina, chamado Primeiro Gole. Pérola de Ana: no BOTECO... primeiro perguntou se tinha suco. Ele disse que não. Perguntou se tinha coca zero. Não. Qualquer coisa light? Não, só H2OH, senhora. Hum... H2OH não quero. E água com gás? Não, também senhora. Só temos cerveja e coca. Mari diz: me vê uma coca. Ana diz: me vê uma água também. E ainda, não satisfeita, depois: e Mate Couro tem? Que é isso, dona? Ana ri. Mate Couro a gente tomou em Januária. Ela explica: é um refri desses meio populares, tipo Tubaína, mas é feito de ervas. Mari não se aguenta de riso mais. Ele pergunta: cê é de São Paulo? A gente ri. Mari diz: mãe, você tá num buteco chamado Primeiro Gole! Ela responde: eu acho que a Bahia é um monte de lugar com sucos típicos, iguarias... Rimos muito. Aventura de Junior: pegou Moto Táxi com um cara meio chapado com uma moto furreca. Começou a subir a serra, em momentos que era mais rápido ir a pé do que com a moto. Cada navalhada que ele dava, ele tinha uma explicação sem lógica. Parou no meio da estrada, Junior morrendo de pressa, e ele diz "cê viu que roubaram a cabeça de índio?" e começou a explicar sobre Zafir. Zafir é um cara que vê coisas que ninguém vê, por isso pinta o que vê, inclusive a cabeça do índio. O cara do moto táxi estava indiginado, dizendo que era patrimônio cultural. Junior adiantou o cara, para vir nos buscarmos.
Finalmente chegamos em casa. Tomamos banho e fomos no Pouso dos Creoulos.
Igreja de Sant'Ana: igreja toda de pedra, pedra sobre pedra literalmente. Linda. Fernando nos abriu ela. A igreja não funciona mais regurlamente, só com reservas, mas vale a pena conferir. 
Mari ainda pegou o livro de Abril Despedaçado, já que Rio das Contas foi uma das cidades que participou da filmagem, e Fernando ajudou muito na produção, ganhando o livro depois. (Agradeço muito o livro que engoli de noite e de manhã, mesmo cansada.)

cachoeira do Fraga
 Estrada Real
 paisagem da Estrada
fim da Estrada Real, finalmente!!
igreja de Sant'Ana
pimentas do Fernando (Junior as ama, haha)