segunda-feira, 28 de junho de 2010

Décimo Primeiro Dia de Viagem

Acordamos às 5 da manhã, preparados para os 3 dias de caminhada no Vale do Pati, pelo despertador Alvorada, vulgo foguetório de São João. Esta á uma tradição da cidade de Mucugê que, durante o mês de junho nas festas de Santo Antonio e São João, ocorre a tal Alvorada, que é o despertar por bombas e foguetes às 5:00 da manhã para a saída da filarmônica que percorre a cidade, convidando o povo todo para um café-da-manhã típico na Igreja Matriz. Não participamos nenhum dia, por preguiça de levantar da cama. Bem, Junior foi o primeiro a sair do quarto e se deparou com um tempo feíssimo, chovendo, fechado. Ana e Junior – Mari ainda estava na cama – decidiram que não iríamos mais no Vale do Pati pois caminhada no mato com chuva não é lazer, é exercício militar (coisas de Lívia). Ainda tinha outro fator que se coloca contra nossa ida, já falado, era falta de hospedagem por causa das festas de São João. Descobrimos que quarta-feira, dia 23 de junho, é feriado na Bahia, prologando-se, em alguns lugares, até quinta e sexta – um carnaval junino. Desempolgados, resolvemos fazer outro passeio: o Buracão.
Buracão: cachoeira de 70 metros localizada perto do município de Ibicoara, no sul da Chapada. Fomos para Ibicoara, já que é quase impossível ir sem guia pela primeira vez, pois não tem sinalização nenhuma no caminho para o Buracão. Passamos na Associação de Guias Bicho do Mato, contratamos uma guia por 75 reais: a Oze, que se chama Oziene, e que Ana a chamou o dia inteiro de Zô. Lá fomos nós quatro para a cachoeira. Uma hora em estrada de chão ruim de carro, pagando 3 reais por pessoa. Lá dentro, são 3 km de ida, e 3 de volta. As trilhas, no início são de nível fácil, mas depois ficam difíceis. Temos que descer e subir pedras e ultrapassar obstáculos. Passamos pelo Rio Espalhado, que acompanha quase todo o caminho, pela cachoeira Orquídea da Serra – que se diz o melhor banho da região, pela cachoeira Recanto Verde – que não pode tomar banho, em vista à preservação. Finalmente chegamos em um cânion, a partir temos duas opções de caminho: pela água ou escalando as paredes de pedra. Optamos pela água. Podíamos pular – 4 metros - ou descer pela quedinha d'água. Junior logo deu um mergulho de Tarzan, achando-se estiloso. Quando caiu na água, ficou pálido de frio. Ana ficou se decidindo, com medo de pular. Acabou desistindo, mas Mari incentivada por Junior, pulou e gritou. Ana, que não queria ser a única a não pular, acabou se rendendo. A água é muito gelada e tem cor de coca-cola. A guia nos jogou os coletes salva-vidas, e seguimos pelo corredor de água com paredes imensas de pedra sedimentada. Chegamos, enfim, ao cenário Senhor dos Anéis que queríamos ver. Entendendo o nome Buracão, a cachoeira fica em um buraco enorme cercado de paredões enormes de pedras por todos os lados. A cachoeira, apesar de não estar em sua melhor forma pelo período da estiagem, é linda, maravilhosa, inigualável. Fomos até debaixo dela, onde recebemos um super jato de água constante. Até que Mari e Ana sentiram-se afogadas pela constância da água muito forte na cara e todos resolveram pular. Junior pulou primeiro, Mari pulou desengonçadamente, porque escorregou da pedra na hora de pular e Ana ficou apavorada. Oze ensinou à ela como se pula certo: na pontinha da pedra, com os dedos dobrados. Todos em água, fomos abraçados e batendo os pés, pensando sobre Senhor dos Anéis (Junior Boromir que se diz Aragorn, Mamãe que se diz Arwen - que não é aventureira fica só meditando entre as árvores - Mari hobbit – apesar dela não concordar pelos pés peludos - e Oze guia Smeagol.) Tomamos sol nas pedras, aproveitando o cenário e depois voltamos pelo caminho das paredes de pedras. Lá chegando, fizemos a nossa refeição. Ana comeu as lembas (como apelidamos as famosas bolachas de arroz isopor Name) e ofereceu à Oze, que até gostou – ou estava sendo educada. Voltamos. Mas a volta não ocorreu sem emoções... Ana, que estava com seu tênis de corrida urbana, não com sua bota trekking aventureira presentada por Junior e de mochila, caiu e torceu o pé direito. Foi um Deus-nos-acuda. Oze fez uma massagem e imobilizou o pé de Ana com ataduras. Sem antes Junior dizer: a viagem acabou aqui. Não acabou. Continuamos com Ana, que não se deixa abater, porém meio manca. Chegamos até o carro, vimos o banheiro seco, e Mari até bateu a cabeça no trinco. Banheiro seco: tecnologia ecologicamente correta sem desperdício de água em que a descarga é uma concha de serragem e uma de cal para virar adubo depois. Na volta, paramos em um mirante para ver o Campo Redondo. Neste lugar, segundo Oze, moram ufólogos que estudam os ets naquela região. Oze diz que nunca viu nada, mas que o povo diz ver. Nós vimos os círculos no solo – em que não cresce outra vegetação – no caminho de Ibicoara para Mucugê. Para subir no mirante, Junior empurrou Mari para subir na pedra, e esta bateu o joelho, ralando-o. Machucados e cansados, voltamos para Mucugê.
Mucugê noite: comemos uma pizza na Mama, que é ucraniana, e faz uma pizza deliciosa – fininha e crocante. Ana e Junior foram ao hospital de Mucugê, demoraram para o encontrar numa cidade de 4 mil habitantes. Fomos recebidos pelo Dr. Marcelo que examinou o pé de Ana e prescreveu uma injeção anti-inflamatória extremamente doída. Ana saiu reclamando de muita dor com o pé inchado. Fomos para a pousada, descansar para seguir viagem no dia seguinte em direção ao norte da Chapada.

oze, mãe e jr na trilha

querendo voar no rio espalhado


rio espalhado


Boromir

cachoeira do Buracão


Ana pulando



buracão visto de cima



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